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UM BAIRRO ENTRE A MEMÓRIA E O MEDO
Bangu em 1940: graças à Companhia Progresso Industrial do Brasil, a famosa Fábrica de Tecidos de Bangu, o bairro crescia velozmenteA fábrica em 1907, ano de sua inauguração
A Fábrica de Tecidos hoje: arquitetura preservadaOperário trabalha nas linhas de produção da Fábrica de Tecidos
A primeira bola de futebol do Brasil pode ter rolado em Bangu, trazida por um operário europeu da mais famosa fábrica de tecidos do país, a Companhia Progresso Industrial do Brasil. O primeiro tecido em algodão do mundo também foi produzido no bairro. E ainda, para o tormento da população, a primeira penitenciária de segurança máxima, Laércio Pellegrino, foi erguida em seu território, cunhando Bangu como marca de unidades carcerárias. É a proximidade (quatro quilômetros do Centro do bairro) do complexo penitenciário de Bangu — com 15 unidades carcerárias, cerca de dez mil presidiários e que recebe mensalmente uma população flutuante de 30 mil pessoas — o que mais revolta a comunidade.

Para acabar com o estigma de cidade de presídios, o subprefeito Jorge Felipe pediu e o prefeito Cesar Maia aceitou enviar à Câmara dos Vereadores projeto de lei proibindo novas construção de penitenciárias na Zona Oeste. O projeto deve ser votado em agosto.
O mal tratado e folclórico Estádio de Moça Bonita, casa do Bangu Atlético ClubeO mal tratado e folclórico Estádio de Moça Bonita, casa do Bangu Atlético Clube
No Parque Estadual do Mendanha, uma reserva ecológica em plena cidade dos presídiosA Igreja de Bangu, no centro do bairro, está no roteiro turístico da Zona Oeste
Bairro tem 73 favelas e 30 mil desempregados

Mas, para a população que vive no bairro, Bangu tem um significado bem maior do que a fama de ter sido o berço do jogo do bicho. Num site não-oficial do Bangu Atlético Clube (www.bangu.net), atribui-se ao escocês Thomas Donohoe, funcionário da Fábrica de Tecidos Bangu, a introdução do futebol no Brasil. Ele teria trazido da Inglaterra uma bola de couro e alguns pares de chuteiras e jogado a primeira pelada em solo brasileiro em Bangu, 1894 — um ano antes de Charles Miller, considerado oficialmente o introdutor do esporte bretão.

Inaugurada em 1889, a Fábrica de Tecidos Bangu foi responsável pelo povoamento da região, onde se instalou para aproveitar o farto manancial do Pico da Pedra Branca e de serras vizinhas, de acordo com o professor Carlos Wenceslau, de 75 anos, 60 dos quais vivendo em Bangu. De lá para cá muita coisa mudou: políticas habitacionais da década de 60 exortaram moradores de favelas da Zona Sul e do Centro a migrarem para a região. Hoje, o bairro tem 670 mil habitantes, 73 favelas, cerca de 30 mil desempregados e 25 mil camelôs.

— Hoje Bangu é exportador de ambulantes. Temos um dos piores IDHs (Índice de Desenvolvimento Humano) da cidade. Mas o Rio Cidade transformou o bairro num canteiro de obras para melhorar as condições de vida — diz o subprefeito.

Os números refletem os índices de violência: no início do mês uma caminhada pela paz levou 12 mil pessoas às ruas. Escolas e postos de saúde constantemente fecham as portas por ordem do tráfico e por causa de tiroteios. Em abril, o bairro registrou o segundo maior índice de homicídios dolosos do estado (25 casos). Foram roubados naquele mês 84 veículos e furtados 42.

— Tenho saudades do tempo em que a fábrica empregava milhares de moradores. Hoje vejo filhos de desempregados da fábrica vendendo alho, laranja e outras coisas nas ruas — conta Jorge Ludgero de Jesus, o Biguá, de 67 anos, morador de Bangu há quase meio século.
Na piscina do tradicional clube Cassino Bangu, uma das poucas alternativas de lazer do bairroA Avenida Cônego de Vasconcelos, centro comercial de Bangu
No maciço da Pedra Branca, alpinismo e vôo-livre são alternativas de esporte pouco conhecidas no bairroPatrocinada pela prefeitura, a Lona Cultural de Bangu atrai gente de toda a cidade para shows de qualidade